Fria Simetria
Um frio crescente que me envolve
Como em um abraço cativante
Fino acalento dissecado
Neste perpétuo e indecifrável jardim
Finjo correr por entre as sombras
Quando tomado de súbita exaustão
E em elevada eloquência
Minto para mim mesmo
E, afirmando crer no amanhã
Cruzo a divisória perene
A estreita linha entre aqui e ali
Em um divagar da vontade
Arrebatado por maravilhas inconscientes
Pequenos lampejos de luz brancaEm meio ao escuro e sombrio além
Onde muros altos me cercam
Tijolos empilhados por vontades alquebradas
Sede e sonhos pisados
Sepultados ainda em vida
Sufocados, com ternura
Por carinhos distorcidos e entrecortados
De dor e prazer
Solidão e aventura
Eu e você
A simetria perdida
Não mais equilibradaExpoente único de um mesmo ramo
Tão inocente, quanto pervertido
Dolorido, como iluminado
Massa disforme global
Perpetua espaço e não sangra o tempoTranscende a imaginação
Promove o inocente
Cria a culpa
Satisfaz a carência
Traz medo e opressão
Ao mesmo tempo em que afaga e beija
Dois que não são mais um
Uma simetria quebrada
A decisão que se findaDeixa marcada
O rumo da vida
A direção da morte
A contramão do sonho
O infindável erguer de cabeças
O piscar de olhos
A ternura do olhar
A mancha da indecisão
Que se resume, ao final
Às costas viradas
Perdidas, partidas
Passos que se afastam
Que tropeçam
No absoluto que nos cerca
Dessa inefável e inacabada
Perversa e intolerante
Fria simetria!
Querido ficou muito bom mesmo adorei heinmm...parabens
ResponderExcluirObrigado, Raven. Legal que você tenha gostado.
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